Custo médio da construção volta a desacelerar, mostra Deconcic

Custo médio da construção volta a desacelerar, mostra Deconcic

A 3ª edição dos indicadores do Departamento da Indústria da Construção e Mineração da FIESP atualiza os dados de agosto e setembro no Brasil
Fonte: FIESP

 

 

Produção de materiais

A produção industrial dos insumos típicos da construção civil teve crescimento de 1,4% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com a mais recente Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Como observado nos boletins anteriores, a produção desses bens atingiu um patamar mais elevado a partir de julho de 2020, após a flexibilização das medidas restritivas de combate à pandemia da covid-19, o que elevou a base de comparação para o segundo semestre do ano corrente.

Como resultado, a expansão da produção dos insumos típicos vem desacelerando nos últimos meses nessa base de comparação interanual, tendo atingido 1,4% em agosto, a menor taxa do ano. O gráfico a seguir, que traz a série do índice de produção desses bens do IBGE, sem ajuste sazonal, ilustra esse quadro.

Nesse contexto, o crescimento acumulado do ano da produção dos insumos típicos voltou a apresentar desaceleração, passando de 21,1% até julho para 18,1% até agosto, depois de chegar a 27,0% no acumulado até maio, maior taxa do ano.

Com relação à variação acumulada nos últimos doze meses, esta mostrou novamente virtual estabilidade, passando de 16,6% até julho para 16,3% até agosto, o que pode ser visto por meio da evolução da média móvel de 12 meses do índice do IBGE, apresentada no gráfico a seguir.

A produção da indústria geral, por outro lado, registrou em agosto a primeira retração do ano na comparação com o mesmo mês de 2020 (queda de 0,7%), após a alta de 1,2% em julho. Na comparação mensal, a produção da indústria nacional também apresentou queda (-0,7%), sendo este o terceiro resultado negativo consecutivo na base de comparação mensal, já considerada a sazonalidade.

Como apontou o IBGE em nota, com os dados mais recentes, a produção industrial encerrou agosto 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 19,1% abaixo do patamar recorde da série histórica, apurado em maio de 2011. Considerando a taxa de variação acumulada no ano, foi observada nova desaceleração, passando de 11,0% até julho para 9,2% até agosto.

Como em julho, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses apresentou tendência oposta, acelerando modestamente de 7,0% até julho para 7,2% até agosto. Desagregando a indústria em seus dois grandes segmentos, a produção das Indústrias Extrativas reverteu a queda de 1,2% registrada em julho e cresceu 1,3% em agosto frente ao mês anterior, já feito o ajuste sazonal.

Na comparação com agosto de 2020, porém, foi apurada uma queda de 1,6% na produção desse segmento – a segunda consecutiva. No acumulado até agosto, a produção das Indústrias Extrativas voltou a apresentar desaceleração, passando de 1,4% até julho para 1,0% até agosto. Por fim, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses seguiu estável na passagem de julho para agosto, permanecendo em -1,4%.

A produção das Indústrias de Transformação registrou em agosto a terceira retração consecutiva na base de comparação mensal, com queda de 0,7%, considerada a sazonalidade. Na comparação interanual, a produção desse segmento teve o primeiro declínio do ano (-0,5%) em agosto. Como resultado, a variação acumulada no ano passou de 12,4% até julho para 10,4% até agosto. A taxa de variação acumulada nos últimos doze meses teve expansão discreta, passando de 8,2% até julho para 8,4% até agosto, contribuindo largamente para a expansão da indústria geral no mesmo período.

Comércio de materiais

O volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção registrou em agosto a terceira queda consecutiva (-1,3%) na comparação com o mês anterior, já considerada a sazonalidade, de acordo com a mais recente Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE. O declínio recente das vendas desses materiais é apresentado no gráfico a seguir, que apresenta a série histórica do índice do volume de vendas do comércio varejista de materiais de construção do IBGE com ajuste sazonal.

Na comparação interanual, as vendas de materiais de construção voltaram a declinar (segunda queda consecutiva), com variação de -7,1% em agosto frente a idêntico mês de 2020, após a retração de 4,7% em julho na mesma base de comparação. Como resultado, a desaceleração do crescimento acumulado no ano prosseguiu, com a taxa passando de 16,6% até julho para 12,8% até agosto. Da mesma forma, a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses também apresentou movimento semelhante, passando de 19,1% até julho para 15,9% até agosto.

A evolução do volume de vendas do comércio no conceito mais restrito da pesquisa do IBGE foi também negativa em agosto, com queda de 3,1% em relação a julho, já descontada a sazonalidade, anulando o crescimento de 2,7% registrado no mês anterior. Frente a agosto de 2020, a retração do volume de vendas foi de 4,1%, interrompendo uma sequência de cinco meses de expansão nessa base de comparação.

A variação acumulada no ano apresentou em agosto a primeira desaceleração do ano, passando de 6,6% até julho para 5,1% até agosto, o mesmo sendo observado no caso da variação acumulada nos últimos doze meses, que passou de 5,9% até julho para 5,0% até agosto.

As vendas do comércio varejista ampliado, que reúne, além dos segmentos do índice restrito, os segmentos de material de construção e de veículos, motos, partes e peças, também declinaram em agosto (-2,5%) frente ao mês anterior, considerando a sazonalidade, após o crescimento de 1,1% em julho. Em relação ao mesmo mês do ano passado, as vendas ficaram estáveis.

No acumulado no ano, a desaceleração da taxa de crescimento iniciada em junho prosseguiu em agosto, com a expansão acumulada das vendas do comércio varejista ampliado passando de 11,4% até julho para 9,8% até agosto.

Movimento semelhante foi observado quando se considera a taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a qual passou de 8,4% até julho para 8,0% até agosto, ainda que o volume de vendas de veículos, motos, partes e peças tenha dado alguma sustentação ao resultado do comércio geral, ao passar de 11,7% até julho para 14,4% até agosto, nessa base de comparação.

Custos da construção

Em setembro, a expansão do custo médio nacional da construção voltou a desacelerar, com a taxa mensal passando de 0,99% em agosto para 0,88% em setembro, também ficando abaixo da taxa apurada no mesmo mês do ano passado (1,44%), segundo a última divulgação do Índice Nacional da Construção Civil do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) do IBGE.

Com isso, o resultado de setembro se igualou à menor taxa observada desde agosto de 2020, quando também atingiu 0,88%. Segundo o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, em nota do IBGE, essa taxa não é apenas a menor do ano como também uma indicação da “desaceleração que vem ocorrendo desde julho”, decorrente, em grande medida, “de uma acomodação dos preços dos materiais, que começaram a ter altas menores”, com todos os segmentos de insumos em desaceleração – com destaque para o segmento de aço, que teve um peso relevante nos últimos meses, com a alta mais recente tendo um impacto menor.

O gerente do Sinapi ressaltou, no entanto, que apesar da menor taxa do ano, o resultado de setembro ainda é muito elevado em relação à série histórica. Por outro lado, no ano, a variação acumulada do custo médio voltou a mostrar aceleração, passando de 14,61% até agosto para 15,62% até setembro frente ao mesmo período de 2020. C

omo ilustra o gráfico a seguir, que traz a comparação da taxa de variação acumulada até setembro para o intervalo de tempo entre 2015 e 2021, o resultado apurado em 2021 segue em patamar relativamente alto. Vale destacar que, com respeito à taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, a aceleração iniciada em julho de 2020 foi interrompida no mês passado, com a taxa passando de 22,74% até agosto para 22,06% até setembro.

Como mencionado anteriormente, a evolução do custo dos materiais ajudou na contenção do índice geral, visto que pelo segundo mês consecutivo foi observada uma desaceleração da variação mensal do custo médio dos materiais, com a variação do índice passando de 1,62% em agosto para 1,21% em setembro, após atingir 2,88% em julho.

Dessa forma, além da taxa mensal apurada em setembro ter sido a menor do ano, ela também foi inferior à variação registrada em setembro de 2020 (2,55%). No acumulado no ano, porém, o custo dos materiais seguiu em expansão, com a variação passando de 22,03% até agosto para 23,51% até setembro, superando largamente a variação acumulada no mesmo período de 2020 (6,59%), como apresentado no gráfico.

A taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, no entanto, apresentou a primeira desaceleração desde julho de 2020, com a variação do custo dos materiais passando 37,69% até agosto para 35,89% até setembro.

Diferentemente do custo dos materiais, o índice relativo ao custo médio da mão de obra apresentou aceleração, com a taxa de variação mensal saindo de 0,08% em agosto para 0,40% em setembro, a qual superou também a taxa relativa a setembro do ano passado (0,20%). Segundo o IBGE, no mês passado foram observados três dissídios coletivos.

No acumulado no ano, a variação do custo da mão de obra passou de 5,33% até agosto para 5,75% até setembro. A taxa de variação acumulada nos últimos doze meses, por sua vez, saiu do patamar em torno de 6,0%, observado entre julho e agosto, e avançou para 6,25% no acumulado até setembro.

Em termos monetários, o custo nacional médio foi de R$ 1.475,96 por metro quadrado em setembro, com R$ 877,35 correspondentes ao componente material e R$ 598,61, à mão de obra. Em termos regionais, os custos por metro quadrado em setembro foram de R$ 1.438,32 na região Norte, de R$ 1.386,06 na região Nordeste, de R$ 1.535,22 no Sudeste, de R$ 1.565,49 no Sul e de R$ 1.452,91 na região Centro-Oeste.

Depósitos de poupança – SBPE

O saldo global de depósitos de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) fechou o mês de setembro em R$ 790,577 bilhões, segundo o último Relatório de Poupança do Banco Central do Brasil, 1,6% abaixo do saldo de agosto, considerando a inflação do período. Em relação ao saldo de setembro de 2020, houve uma queda de 7,8% em termos reais desse montante, constituindo-se na quarta redução consecutiva no ano na base de comparação interanual.

Assim como observado em agosto, quando a captação liquida foi negativa após quatro anos consecutivos de resultados positivos para o oitavo mês do ano, a captação líquida do sistema foi igualmente negativa em setembro (-R$ 6,336 bilhões). Tal resultado contrasta com o observado no período 2017-2020, como mostra o gráfico a seguir, que traz a série histórica do Banco Central do Brasil iniciada em 1995, a preços constantes de setembro de 2021.

Nesse período, a captação líquida foi positiva e crescente a cada ano, já considerada a inflação.

O resultado de setembro se constituiu na sexta captação líquida negativa do ano e pode ser atribuído (i) à queda do fluxo de depósitos em termos reais tanto frente a agosto de 2021 (-5,2%) como na comparação com o mesmo mês do ano passado (-11,9%) e (ii) da retração relativamente menos acentuada do fluxo de retiradas, de -4,7% na comparação com agosto, e de -5,9% frente a setembro de 2020, já incorporada a inflação do período.

O valor do rendimento creditado no mês (R$ 2,367 bilhões) teve mais um mês de crescimento real, não compensando, porém, a captação líquida negativa para efeito de sustentação do saldo global.

Elaboração: Departamento da Indústria da Construção e Mineração (Deconcic/Fiesp) e Ex Ante Consultoria Econômica.

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